sábado, 19 de abril de 2014

FLORESTAS PAMPEANAS* TODOS OS DIAS É DIA DE ÍNDIO!

Texto do Eng. Agrº Cláudio Corrêa Pereira:

História Pré-colonial Do extremo-sul e região das lagoas dos Patos e Mirim.


     Em toda a várzea da Lagoa Mirim constata-se a existência de milhares de Cerritos. Ela é o centro de irradiação dessa cultura milenar. Nesta riqueza viveram grupos pré-coloniais por muitos e muitos anos, com alimento farto, adaptados à condição das várzeas e banhados. 
       Os Cerritos também denominados de Aterros, Estruturas Monticulares ou Mounds, são pequenas elevações, circulares e cônicas, formadas pelo acúmulo de terra e húmus da decomposição de material orgânico de centenas ou milhares de anos. Possuem cerca de 20 a 40 metros de diâmetro e uma altura de até 2 metros, encontrando-se isolados ou agrupados, geralmente no entorno dos banhados.
       O topo dos cerritos costuma apresentar uma plataforma, que seria o local onde se encontrava a habitação e os mesmos são vistos de longe pois com a diferença da fertilidade do solo apresenta-se sempre mais verde com plantas características.

       Além das atividades domésticas que provocaram e deram continuidade ao processo construtivo do Cerrito, o mesmo era utilizado para atividades funerárias e cerimoniais relacionadas que aparecem registradas nos diferentes momentos da evolução da construção, servindo também como localização de área de domínio do grupo para caça e habitação.
     Cerritos pesquisados na Bacia da Lagoa Mirim apresentaram datações de até 3.500 anos, sendo comuns achados com 2.500 anos AP (anos do presente), nas partes mais baixas, no entorno dos banhados.
       As datações mais antigas pertencem a Tradição Arqueológica Umbu, anterior à cerâmica e apresenta como característica principal os artefatos de pedra também encontrados nos cerritos.
       Os principais artefatos de pedra (líticos) encontrados nos Cerritos e proximidades são lascas de quartzo para uso como raspadores, os polidores, os percussores, as pedras quebra-coquinhos, bolas de boleadeiras e pedras de funda, pontas de flecha e machados.


Quebra-coquinhos, acervo do Instituto Histórico e Geográfico de Jaguarão.

Boleadeiras, pedras-de-funda; IHGJ.

Boleadeiras, pedras de funda, rompe-cabeças, machados, IHGJ.

     Em alguns Cerritos encontra-se cerâmica (potes de barro) sendo comum a denominada Vieira (Tradição Arqueológica Vieira) que apresentam recipientes de contorno simples, rasos e pequenos sem decoração.
      Ocorrem outros sítios Arqueológicos nas restingas e dunas da foz dos arroios e rios do Uruguai e Brasil que abastecem a Lagoa Mirim, e que são abundantes em cerâmica da Tradição Tupi-guarani e Vieira.

Cerâmica da Tradição Vieira

      A cerâmica Guarani apresenta peças mais trabalhadas, pintadas, corrugadas com marcas de dedos e unhas e geralmente maiores que as da Tradição Vieira como as urnas funerárias.

Vaso cerâmico da Tradição Tupi-guarani.

   Os grupos indígenas encontrados pelos colonizadores nesta região e que seriam os descendentes dos habitantes desses sítios foram os pampeanos Minuanos ou Guenoas e os grupos Guaranis Arachanes e Tapes.

(Exposição permanente dos artefatos indígenas na sede do Instituto Histórico e Geográfico de Jaguarão, Rua Mal. Deodoro, nº 874, Jaguarão - RS)

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